(BLIND) FAITH NO MORE (!!!)

O Belenenses é um Clube enorme. A sua maior grandeza é também a sua maior fraqueza. Tipicamente português, o nosso Clube sofre de um défice de democracia na sua pior forma: a não-tentada.

Que quero eu dizer com isto, perguntar-se-à o eventual leitor... Pois pergunte, questione, opine, critique (elogiando ou corrigindo) que é exactamente esse o ponto fulcral:
A FALTA DE EXIGÊNCIA.

Uma situação que nos conduziu vezes de mais e uma vez mais a uma situação absolutamente incrível, inaceitável, que provocará privações a muitos níveis nos tempos mais próximos (e não tão próximos como isso). E sem exigência, aliada ao espírito naturalmente seguidista não passam de marionetas de quem detém o poder.

Quem governa um Clube, uma empresa ou um país deve fazê-lo segundo regras que deverão ser o mais claras e justas possível. E fazê-lo (entenda-se governar de acordo com as regras internas e as do meio em que existimos) nunca é um favor que "um governo" faz a alguém. O cidadão, o adepto e sócio deve ser essencialmente muito atento e extremamente exigente para com o cumprimentos dessas regras, deve participar de forma crítica (entenda-se construtiva - elogiando, propondo e corrigindo). Se assim for, de uma forma generalizada e continuada (e não apenas alguns que se dão ao trabalho de ir à reunião magna dos sócios – as Assembleias-Gerais, sendo ainda por isso criticados por “artistas” meramente da tecla), o Belenenses não cairá de novo com a mesma facilidade.

Permito-me uma nota final: ausente do país no período das eleições, não votei. No entanto, se cá estivesse teria votado. Fá-lo-ia no sentido de uma participação efectiva porque entendo que devemos participar o mais possível e ter voz activa na condução dos destinos do Clube. Activa no sentido de não permitir, no que me é possível enquanto sócio contribuinte com quotas pagas, que se enverede por caminhos suicidas, de esvaziamento da massa humana, não permitindo que o Clube seja espoliado dos seus bens, meios e alma. Por isso estive e ajudei a chumbar orçamentos irresponsáveis e suicidas que foram executados na mesma porque órgãos que deviam fiscalizar não fiscalizam e porque muitos sócios se demitem dos seus deveres. Por isso, quando eu e outros sócios entendemos que era hora de dizer basta e que a situação era insustentável, iniciámos uma recolha de assinaturas para provocar eleições que, felizmente e por questões de humanidade e dignidade, não teve que ser utilizada. E ter esta postura participativa nas questões da condução do Clube é para mim tão importante como estar presente no maior número que me for possível de eventos desportivos de tantas modalidades que sejam possíveis, sustentáveis e tenham razão de ser.

Não tenhamos a ilusão que as privações que certamente virão a curto-prazo são resultado imediato de critérios desta direcção. O estado financeiro do Clube é muito pior do que se permite esta direcção, até ao momento, admitir. Saiba e queira a presente direcção apontar a realidade e os seus responsáveis directos, não para o sádico prazer de punir, mas para que possa servir como lição para o futuro, para que se entenda de uma vez por todas que o Belenenses não é uma porcaria qualquer para o qual qualquer porcaria serve e qualquer coisinha cinzenta e amorfa chega. Para que não esqueçamos e aprendamos a identificar no futuro e agir em conformidade antes que o pior aconteça, como tem acontecido.

O Belenenses, agora mais que nunca, precisa de rigor (muito rigor), mas precisa também de muita paixão e capacidade inovativa e de mudança. Há milhares e milhares (e milhares...) de potenciais sócios que urge recuperar e conquistar. E é para ontem!