Foto: "Oceanic Creations" - Suécia Parafraseando Samuel Beckett: O Senhor Godot disse-me para vos dizer que não vem esta noite, mas que vem amanhã ...
Este poderia ser o gague para explicar o actual estado de paralisia a que chegou o Clube de Futebol Os Belenenses, face às inúmeras fogueiras que vão sendo ateadas e mantidas em fogo fátuo, sem que se vejam fins dignos à vista (desarmada).
Curiosamente, o Clube tem uma direcção legítima, reforçada igualmente pelas recentes assembleias, o que torna tudo mais confuso quanto à sua aparente inacção, incumprimentos vários e não assumpção de algumas das mais singelas promessas eleitorais.
É suposto que uma direcção funcione colegialmente, que o presidente seja apenas, "Primus-Inter-Pares" (embora possa reservar para si um pelouro blindado e mais sensível, por exemplo, o futebol), que delegue competências nos seus vices e directores, sob pena de nada funcionar e voltar-se o feitiço contra o feiticeiro.
É expectável que cumpram minimamente o programa que sufragaram, que trabalhem para engrandecer o bom nome do Clube, que passem a ser os Dirigentes de todos os Belenenses, e que respeitem os que lealmente se sujeitaram ao sufrágio, e democraticamente perderam, deixando de mandar recados enviesados, sempre que a situação se lhes oferece favorável, por dá cá aquela palha.
A tão propalada democracia e deontologia, tal como a seriedade da mulher de césar, não se apregoam aos quatro ventos, praticam-se diariamente...
Isto é tanto mais incompreensível, quanto o Futebol Profissional gerou receitas extraordinárias, criando ondas de expectativa que galvanizaram e "catapultaram projectos", os quais não foram negados pelos seus aproveitadores.
Assim, temos uma direcção que é suposta governar! Um órgão Fiscal que é suposto fiscalizar! E uma Assembleia Geral, onde se discutem os assuntos internos do clube com lisura e elevação.
Não falo do "órgão, conselho dos anciãos", não por menor consideração pelos princípios que nortearam a criação do mesmo, apenas e tão só por contraposição a acções antigas e recentes de parte de alguns dos seus actuais membros.
Daí que se torne incompreensível o actual torpor, pese embora o estado de saúde de Cabral Ferreira, a quem todos desejamos rápidas melhoras.
Esta dificuldade deveria ser ponto de honra dos seus colegas de direcção, tornando-os mais solidários e activos, motivando-os a redobrarem esforços, tendo em vista levarem por diante com honra e pundonor, o seu programa de acção.
Sempre ouvi dizer que uma andorinha não faz a primavera, mas que juntas a alegram muito!
O nosso clube nunca foi fácil de governar (tal como os outros, não tenhamos ilusões), não podemos é estar sempre à espera de um qualquer "Godot", por mais sério que se apresente, por mais promessas que faça ou por ser no momento, o mal menor.
O nosso Godot chama-se Património Cultural e Desportivo, foi arduamente conquistado e legado pelos Nossos Honoráveis Fundadores e Alguns Ilustres Continuadores!
O nosso Godot está na Mira que Projectarmos sobre a Linha do Horizonte (desde que a esta não aponte directamente para os respectivos umbigos).
O nosso Godot terá de ser rapidamente desmitificado, tão depressa quanto mais rápido percebermos, Que Só Todos Juntos Somos Capazes de Sustentar e Traçar Objectivos Consentâneos Com a Dinâmica do Século XXI (e sem ponta de individualismos bacocos). Sob pena dos nossos jovens não nos perdoarem a inércia, que nos atrasam cada dia mais, hipotecando um futuro que será único e risonho, se soubermos ser diferentes, inovadores e primarmos pelo fino detalhe, até para melhor podermos ultrapassar e suportar a concorrência desleal, a que sempre nos quiseram sujeitar.
Caso contrário continuaremos a fabricar figurinhas dispensáveis, mas dignas duma qualquer reles opereta bufa.
JAN
