Clube de Futebol "Os Masoquistas" (Satisfeitos)

Fui formatado pelos meus avós paternos, que ser-se adepto e sócio do Clube de Futebol “Os Belenenses”, era um estado de alma único! Era saber-se que estávamos por nossa conta e risco, era saber-se que havíamos passado grande parte da nossa vida colectiva remando contra a maré! Era ter-se a consciência que grande parte da nossa história foi construída por inusual desgaste, tantos os escolhos desbravados (para já não falar naqueles que alguns artistas ditos belenenses, também iam colocando). Era também a certeza de que éramos apenas, e tão só, BELENENSES! O conceito que nos guiava, era o da certeza de que, entramos em campo sempre para vencer, sem nos preocuparmos com o nosso antagonista, fosse ele qual fosse.

Sinal dos tempos ou porque perdemos valores e visão, há décadas que num constante chorrilho de asneiras, trouxemos o ridículo para a nossa vida clubística, o que tem motivado chacota e converseta, desviando-nos do rumo traçado pelos rapazes da praia, que não perdiam tempo a discutir o acessório.

De tanto tiro nos próprios pés, e de algum tempo a esta parte, o CFB mais parece uma destas novas seitas que ciclicamente aparecem quando as sociedades e os valores estão em crise de identidade, o clube dos masoquistas apalermados…

Por deveres profissionais estive em Itália desde quarta-feira, a intensidade do trabalho e a própria net pregaram-me algumas partidas, não me deixando postar artigos (que deixaram de ser relevantes).

Chegado hoje e inteirado de mais uma série de desgraças (repetidas), bem como de algumas mordomias e vassalagens bacocas prestadas ontem, sinto o dever de gritar...

Não me peçam para dourar pílulas! Não me peçam para branquear actuações!
Este não é o Clube de Futebol Os Belenenses que aprendemos a amar e respeitar! Este não é o clube dos Azuis Sem Riscas!

Mas pode vir a ser o clube da batota e do compadrio militante, em que consumindo 60 contos de refeições no Petite, apareciam 90 na contabilidade! Este pode vir a ser o clube em que os chulos iam almoçar com as concubinas ao meio dia e voltavam bêbados às dezoito, e quando chegavam os telefones estavam cortados (porque era a lei do regabofe, todos felizes e gastadores).

Este pode vir a ser o clube das bingalhadas e dos marmanjos, mas não será o clube dos adeptos sérios e honrados, daqueles que pagam para ser sócios! Daqueles que choram com as derrotas e exultam com as vitórias.

Aos cozinheiros e azeiteiros militantes um alerta “pequenino”! A comida já começou a saber a azeite da tulha, rançoso…