Espírito guerreiro

«Quando fui apresentado aos jogadores lembrei-lhes que ainda estava muito campeonato por disputar e que não tinha vindo de Angola para Leiria para lutar para não descer. Tinha de lutar por estar nos lugares cimeiros (…) os jogadores estavam muito descrentes (…) Os primeiros cinco jogos foram muito complicados. E confirmou-se o que me diziam, que vários jogadores só jogavam bem 40 minutos. Comecei a falar individualmente com eles e fui claro: se só consegues jogar 40 minutos a alto ritmo, não jogas mais comigo. Hoje jogam 90 minutos ao mais alto ritmo (…) não há equipa de sucesso sem que os jogadores acreditem no treinador. E os jogadores não querem discursos bonitos, querem conversas leais. Eu fui jogador de topo e também sabia quando um treinador, mesmo a falar bonito, me estava ou não a dar tanga. Eu não dou tangas aos meus jogadores.»

Aquilo que acabaram de ler são alguns excertos retirados de uma entrevista dada no dia 26 de Maio, ao Jornal A Bola, pelo treinador do União de Leira, Manuel Fernandes. A razão de ter escolhido esta entrevista prende-se com a forte componente psicológica que ela tem na perspectiva da relação pedagógico-desportiva entre treinador e jogadores e que faltou em larga medida ao nosso Belém nesta e em outras épocas recentes e vou mesmo mais longe sublinhando que, o grande mal do Belenenses é um mal mental.