Jardel, grande capitão!

Depois dos dois dirigentes da secção, por quem começámos esta série de entrevistas, seguem-se agora os atletas. E quem melhor que o capitão de equipa, Jardel, para nos mostrar o que pensa sobre o futsal do Belenenses para esta época?
É um dos jogadores há mais tempo no clube e contamos sempre com ele, e com a sua entrega e carácter lutador, como um dos elementos fundamentais da equipa. Foi na época passada o melhor marcador do Belenenses em jogos oficiais.
Bruno Miguel de Almeida Lima Gomes Bernardo (Jardel) nasceu em Lisboa há 30 anos (completa 31 em Novembro) e também já representou a Selecção Nacional A por 26 vezes. Encontrámo-lo muito concentrado e compenetrado aquando desta entrevista, depois de um treino intenso da equipa azul.
P: Estás a começar a 5ª época no Belenenses. O que significa para ti vestir a camisola azul com a Cruz de Cristo? Podemos dizer que a tua relação com o Belenenses é já mais do que profissional?
J: Sim, já há uma relação que não é apenas profissional. Pelo envolvimento que tenho tido com o Belenenses ao longo destes anos, criou-se um laço forte com o clube, com as pessoas, com os adeptos, que são a alma do clube. Gosto que ganhemos não só por eu fazer parte da equipa mas pelas pessoas e adeptos do Belenenses.
P: Nós costumamos dizer que o Belenenses é um clube único, diferente? Tu consegues distinguir alguma coisa de realmente único e especial no Belenenses?
J: Sim. Noto a diferença. Sinto que há aqui como que uma família, muito unida, o que se sente também no apoio que nos dão. É uma relação mais forte, muito mais afectiva que noutros clubes.
P: Teres a braçadeira de capitão, é para ti uma responsabilidade acrescida. Como vives essa situação?
J: Acho que vivo bem. Gosto de sentir a braçadeira e de ter essa função, no sentido de puxar pelo grupo e marcar presença nos bons e maus momentos. Para além de jogar, é importante puxar pelos colegas, para lutarmos sempre, ainda mais, pelos nossos objectivos.
P: Está a iniciar-se uma nova época, temos um plantel renovado… que podemos esperar do Belenenses – Futsal este ano?
J: Uma coisa, antes de tudo: vamos sempre lutar até ao fim. Uma equipa liderada pelo Mister Alípio Matos tem essa característica de lutar sempre até ao fim. Portanto, vamos lutar ao máximo, até ao fim, pelos títulos. Este ano pode ser mais difícil no início, por haver muita gente nova a integrar, incluindo jogadores que vinham de clubes que não estão habituados a estar nos lugares cimeiros, mas há matéria-prima de qualidade para formarmos uma equipa lutadora e vencedora.
P: Já se nota um grande espírito de grupo, mesmo com tantos jogadores novos?
J: Sim, já. Todos os novos elementos que chegaram vêm assimilando o espírito do Belém. Já de fora sentiam e estão agora a confirmar que há no Belenenses algo de muito especial, uma força, um espírito muito próprios.
P: Poderemos somar mais títulos à Taça de Portugal que conquistámos o ano passado?
J: Acho sempre que sim, que o Belenenses pode ganhar títulos. Temos que esperar para ver. Mas, se todos se capacitarem que estão aqui para ganhar, penso que sim, que podemos conquistar mais algum ou alguns títulos.
P: A propósito de títulos, falta já pouco para a Supertaça? Como vês a disputa desse troféu?
J: Vai ser um jogo difícil mas são estas partidas que nos motivam mais. Vamos lá estar a lutar pela vitória. É também um teste para nós, para ver se já conseguimos montar uma equipa forte. Para o público vai ser de certeza um bom espectáculo, proporcionado por duas excelentes equipas. O jogo é em campo neutro e esperamos ter um grande apoio do nosso público, como na Taça de Portugal da época passada.
P: Vamos fazer uma pequena retrospectiva destas última épocas. Por duas vezes, em 2008 e 2009, o Belenenses foi vice-campeão, cedendo apenas no prolongamento dos últimos jogos. Como viveste esses momentos?
J: No primeiro ano, ficámos tristes por perdermos essa oportunidade mas ao mesmo tempo tínhamos a sensação do dever cumprido, porque superámos até o que no início se pensava para esse ano. No 2º ano, a frustração foi muito maior, e nem encontro palavras para a descrever. E como fiquei de fora, lesionado, nos últimos três jogos, sofri ainda mais, sente-se a impotência de não poder estar lá dentro a ajudar. Foi uma tristeza muito grande.
P: O que faltou? Sorte, mais experiência, arbitragens isentas?
J: É difícil dizer. Apesar dos erros da arbitragem, a verdade é que no 4º jogo, a ganhar por 3-0, tivemos o campeonato na mão, mais do que isso... O Benfica estava no chão, os seus próprios jogadores o admitiam e julgavam perdido o campeonato. Houve talvez deslumbramento da nossa parte, e aí faltou-nos mais experiência, no que o adversário é forte. Tínhamos que continuar a jogar da mesma maneira. Também faltou voz de comando, pois o Mister Alípio não estava no banco [tinha sido expulso em jogo anterior].
P: E a Taça de Portugal do ano passado? O que representou para ti? O que sentiste quando acabou o jogo e depois à chegada ao Restelo?
J: Antes de tudo alívio, porque finalmente a sorte não nos voltara as costas. As duas equipas eram equilibradas e noutras finais só por falta de sorte a balança não tinha pendido para o nosso lado. Eu estava confiante para aquele jogo… Com a vitória, foi uma explosão enorme de alegria e também de orgulho por estar na equipa, para mais sendo capitão e levantando a taça. Olhar para a bancada e ver a tremenda alegria, a grande euforia dos adeptos azuis foi o melhor de tudo. Como disse na altura, aquele troféu era para os adeptos, que bem o mereciam!
P: Tens a noção que com o Belenenses a viver um dos piores momentos da sua história no Futebol, os sócios e adeptos esperam que o Futsal contribua para alegrar o ambiente e para estar à altura da grandeza e da história do clube?
J: Sim, temos consciência, como também já tínhamos o ano passado. Digamos que é uma pressão saudável, pois dá ainda mais força para lutarmos. Não gostamos nada da situação difícil em que está o clube, e esperamos que a ultrapasse, mas gostamos de poder ser um símbolo do orgulho azul e da grandeza do Belenenses.
P: Voltar à Selecção Nacional é um objectivo para ti?
J: Não direi que seja um objectivo. O grande objectivo é ajudar o Belenenses. A Selecção Nacional poderá ser um acréscimo e claro que se for chamado estarei sempre disponível.
P: Por fim, que mensagem gostarias de deixar à massa associativa e aos adeptos do Belenenses?
J: Que contem connosco, porque como sempre cá estaremos para lutar pelo clube. O apoio dos adeptos é muito importante. Como disse na final da Taça de Portugal, é muito importante ouvir os adeptos e sentir o seu calor, porque isso dá-nos mais força. Acreditem na importância do vosso apoio. No Acácio Rosa, temos que continuar a mandar nós, e o pavilhão tem que continuar a ser temido, também pela força dos adeptos.

[Reproduzimos aqui a entrevista a Jardel por cortesia do site Belenenses Futsal]