Muita gente tem uma nova sabedoria, também chamada uma opinião apaixonada, de que, para um príncipe governar o seu Estado, ou para uma alta personalidade conduzir os seus processos, a principal parte da habilidade consiste em obter a concordância das facções.
Quando, pelo contrário, a principal sabedoria está em ordenar as coisas que são de interesse geral, e acerca das quais os homens das diversas facções nunca concordam, ou em resolvê-las mediante consulta privativa a cada pessoa.
Não digo, porém, que a consideração das facções seja para desprezar. Os homens fracos devem aderir, mas os grandes homens, que têm valor por si próprios, farão melhor em manterem-se indiferentes ou neutrais perante as facções; todavia, até mesmo para os principiantes, o melhor caminho que lhes é dado é o de aderirem tão moderadamente quanto possível a uma facção para serem tolerados pela outra.
A facção menos numerosa e mais fraca é a mais firme na sua condição.
Quando uma facção se extingue, o remanescente subdivide-se, o que é bom para a outra. Observa-se geralmente que muitos homens, uma vez bem colocados, passam para a facção contrária daquela em que haviam entrado.
O traidor à sua facção geralmente progride com tal acto, porque quando os negócios permanecem demais em equilíbrio, o peso de alguns homens faz oscilar a balança, pelo que eles ganham todos os agradecimentos.
Francis Bacon, in 'Ensaios'
Leia a Política de Comentários e Princípios «Belém Livre»
Contacte-nos por email: belem.livre@gmail.com
A Sabedoria das Facções (ou Dividir Para Reinar)
Publicado por JAN @ 30.1.12 Etiquetas: Estultícia Directiva Belenense Continuada, Eusinhos, Francis Bacon