Palavra - Seiva da Vida

Faltam-me as palavras
Nesta língua rica
Como falta dinheiro
Ao Zé da burrica!

Se fosse rico em Janeiro
comprava palavras
Durante o ano inteiro

Palavras de todo o requisito
Entre o silêncio e o grito
De amor, como extremos
Que tocam zero e infinito

Palavras aprendidas na alvorada
Sem terem mesmo que se comprar
Não chegam para toda a madrugada
Entre estar no mundo e no mundo estar ...

Penduradas no ginjal da vida
"As palavras são como cerejas"
Nunca as colhas numa sortida
Para que as vejas e revejas

Podes comprar e vender palavras
Mesmo montar negócio de rua
Para passares direito na estrada
Nunca compres nem vendas a tua.

General Joaquim Chito Rodrigues
(Há sempre um vapor acostado ao cais...)