Terceira DERROTA caseira consecutiva, desta vez por 0-0

Os números desta derrota caseira espelham bem o que foi este jogo. Um zero que só não é absoluto porque houve um remate ao poste seguido de uma recarga que saiu no lado contrário junto à linha lateral.

A atitude e capacidade de jogo da equipa esteve ao nível do discurso do treinador para quem "não perder era o mais importante". Está tudo dito quanto à ambição para este jogo.

Mas não está tudo dito para mim quanto a Jorge Jesus. É impossível ser belenense, daqueles a sério, que não têm outra cor primária nem riscas na azul, que não esteja agradecido pelo muito que significou ter estado na Final da Taça de Portugal em Maio passado. Não digo o mesmo em relação ao 5º lugar no campeonato que só é extraordinário face à miséria confrangedora em épocas anteriores. Não é de todo extraordinário se tivermos em conta o orçamento da época. Já a ida à Final da Taça de Portugal foi algo que nos permitiu recuperar um orgulho perdido, se bem que tenha sido uma oportunidade falhada em todos os aspectos.

Viremos a página reiterando os agradecimentos a Jorge Jesus. Sobre ele diria que a sua grande mais-valia residiu na sua simplicidade, capacidade de trabalho, de preparação por antecipação das situações de jogo em treino, de leitura do jogo enquanto decorria e da sua aversão a muita conversa de chacha que se lia em muitos charlatães desta praça futeboleira lusitana. O tempo usado no verbo é mesmo passado.

Porquê? Porque Jorge Jesus perdeu a simplicidade. Está endeusado sem contraditório. Subiu o gás à cabeça e deve achar-se lindo. Não o vejo berrar como berrava o ano passado quando durante o jogo a sua equipa não joga nada. Não corrige posicionamentos, nada. Mas tem sempre conversa de chacha no final dos jogos. Assemelha-se mais e mais àqueles pavões de má memória recente.

Resultado deste endeusamento e auto-admiração? Três derrotas seguidas em casa: 0-0 com a Académica, 1-1 com o Leixões (este foi o cúmulo da soberba) e agora nova derrota por 0-0.

Quero de volta e já (e estou certo que todos queremos) o Jorge Jesus homem simples e treinador capaz, arguto e sagaz que transformou o ano passado uma equipa destroçada e fez dela uma equipa europeia que se bateu honrosamente já esta época com dois colossos do futebol europeu e que no ano passado conseguiu meter cerca de 12 a 13.000Belenenses no Estádio Nacional. E que, acima de tudo, fazia a equipa jogar à bola sem inventar. É que a táctica fica bonita em fotografia mas na prática é imóvel, tal como o jogo a que fomos obrigados a assistir.

Jesus, o do ano passado era melhor. Aquele que eu vi desempregado depois de Guimarães, na televisão (sporttv) em reportagem, era um homem simples, sabedor de futebol, orgulhoso mas acima de tudo muito humilde. Desse eu gosto. Este dispenso.