Desmobilizar é fácil

Eu sei que estamos inseridos num meio viciado, sem regras, lei ou algo que se lhe assemelhe. Eu sei que o futebol português é um plano inclinado em que 29 em 32 clubes apenas servem de calço para os restantes 3 não escorreguem no declive que eles próprios criam (a "tampa do ralo" também serve como imagem). Eu sei tudo isto mas não me conformo. E de tempos a tempos chateio-me. Não sei se é por acordar mal-disposto num dia em particular, se outra razão qualquer, mas há dias assim.

Hoje, há pouco, ao fazer o clipping habitual de notícias para o 'NotíciasBelenenses', aqui do lado direito da página, senti a digestão do pequeno almoço a parar. "Adjunto do Porto para substituir Jesus", "prioridade na lista de dispensas do Porto", "reduzir custos com emprestados dos [NdA: Vómito...] «grandes»" (uma estupidez de quem acredita e uma aldrabice pegada de que quer vender esse peixe). Fiquei cinzento. Eu sei que é cor normal em certos meios supostamente azuis, todos enfileirados para o novo beija-mão, procurando um lugarzinho no galarim das vaidades obscenas e vis, mas... eu não. Não consigo. Cinzento para mim é pré-luto, é triste, é mal-disposto, é angústia. No limite é náusea.

E a entrevista do novo Presidente não me deixou nada descansado... Antes pelo contrário...

Mas confesso, o que no fundo o que mais me chateia, dói e desgosta é saber que o mesmo sentimento de nojo, de revolta, face a estas (pseudo-)notícias e ao que elas encerram é partilhado por muitos poucos belenenses por estas paragens. Acham isto tudo normal, acomodados ao que lhes enfiam pela goela abaixo para não dizer por outro sítio acima. Já o mesmo acredito que não se passe com muitos dos que foram saindo ao longo dos anos que esta é apenas mais uma das muitas auto-mutilações de um Clube (ainda com letra grande, apesar de tudo) que insiste em maltratar-se.

É uma questão de princípios, até de contas, mas acima de tudo de amor-próprio, de inteligência, de visão e de seriedade. Mais acima ainda, é uma questão de amor.