É incontornável. Desde ontem que por mais que me queira convencer de que a decisão está há muito tomada, o meu lado optimista e crente na justiça dos homens dá-me alguma esperança. Esperança que o caso seja analisado por si e não pelo de há dois anos atrás. Esperança de que haja o mínimo de vergonha nas instituições de justiça desportiva e que esse sentido de justiça se sobreponha a interesses pessoais e corporativos de quem faz parte desse sistema.
Mas, depois, mais lucidamente, lembro-me que estou em Portugal. Esse país fantástico onde tentar (só tentar) corromper um árbitro faz perder 6 pontos, os mesmos que por utilizar um jogador validado pelas entidades nacionais competentes que, quando descobrem um erro estrangeiro, matam o portuga que é (apesar de tudo) o menos culpado.
Lembro-me que a Federação fez desde início como Pilatos e disse que se limitou a cumprir o procedimento, desculpando-se com a sua não responsabilidade. Apurou-se mais tarde que o passaporte do jogador não continha referencia a ter jogado esta época no Levante, situação que só seria rectificada quando a Real Federação Espanhola de Futebol se apercebeu do seu erro já o jogador tinha sido utilizado pelo Belenenses após licenciamento pela Federação e Liga.
Mas para os pavõezinhos da praça, que assim podem aparecer na TV no seu sotaque de dobra a língua, muito engravatados, isto foi mais que suficiente para saltar para a luz da ribalta, brilhando gaiteiramente, provincianamente diria, ao mais alto nível colocando a capa e mascarilha de vingador (tarda mas não falha e durará muitos anos, não duvidem) da causa barcelense.
E, quando me lembro de tudo isto, esta esperança de que falava esvai-se.
Mas uma coisa é ter esperança e perdê-la outra é aceitar a injustiça ou o não cumprimento de leis e regulamentos e isso o Belenenses nunca deverá aceitar e, como disse ontem, no caso de uma decisão negativa é necessário fazer tudo o que está ao alcance para bloquear a homologação do campeonato e interpôr imediatamente o recurso para o Tribunal Arbitral da FIFA na Suiça. Aliás, a primeira parte do processo e o nosso recurso para o CJ já devia estar traduzido para inglês ou francês, guardado em envelope já com o senhor da UPS em stand-by e apenas a aguardar a tradução do Acordão de hoje do CJ, caso seja necessário.
Deixo cada um com a sua crença pessoal ou com as suas defesas contra as desilusões, formulando apenas um desejo profundo: Já chega de casos, já chega de fazer a asneira de não precaver todos os passos num meio em que não podemos confiar nem na própria sombra, pois estamos fartos de saber que só não nos destroem porque não conseguem (e já estiveram mais longe disso), que só não nos prejudicam se não conseguiram, até porque no campo já nos tiraram os 6 pontos mais que uma vez. Até mais logo.
Leia a Política de Comentários e Princípios «Belém Livre»
Contacte-nos por email: belem.livre@gmail.com
«Caso Meyong»: dia de decisões
Publicado por Nuno Gomes @ 29.4.08 Etiquetas: Nuno Gomes