Divina Comédia (Parte III – Descarrilamento Total)

Gerir um Clube que muitos desejam continue ecléctico como é o caso do Clube de Futebol Os Belenenses, leva fatalmente ao abandono de qualquer modelo “de gestão rigorosa ou empresarial”, resvalando quase sempre para a “tal navegação à vista, tropeção aqui, tropeção acolá”. Isto acontece por continuados modelos erróneos de grandeza, nalguns casos decorrentes de falta de sensibilidade para a verdadeira vertente desportiva e social, mas apenas e tão só a essas! Vaidades e Despesismos pessoais! NUNCA.

O ecletismo se bem estruturado e definido por patamares (versões: Alta Competição, Formação e Lazer), é saudável, desde que compatível com os espaços desportivos e meios financeiros disponíveis (Clube e Angariados pelas Secções), mas preto no branco desde o início, nada de bate boca.

Daí que quando estes princípios sagrados são subvertidos, não há Planeamento Atempado e Rigoroso (versus Gestão Escorreita), que resista. Passa tudo a ser uma farsa e como todos sabemos (planear e gerir são incompatíveis), o que leva a maioria dos dirigentes mal preparados e vaidosos por natureza, a caírem facilmente na vã tentação de querer fazer tudo, invertendo de imediato ou corrigindo as tendências negativas, até porque o populismo bacoco, sempre colheu adeptos entre grande parte das massas. Por outro lado, como foram poucos os que sentaram o “sim senhor” no banco da verdade, e condenados a pagarem os desvarios cometidos ou avalisados, a coisa tem ido rolando na paz podre do senhor, e quem vier a seguir que feche a porta (se souber). Até ontem! A futura Lei de Bases vai meter estas e outras canalhadas na ordem. Acreditem.

Neste sentido e sabendo-se que o barómetro num clube como é o nosso é o Futebol Sénior, havia pois que encontrar a Bitola correcta para os nossos secretos anseios, sem descarrilamentos orçamentais, tendo também atenção às restantes secções e modalidades, fossem elas quais fossem, afim de que os objectivos previamente traçados não falissem!

Sem querer fazer qualquer juízo de valor quanto ao “montante projectado” para o Futebol Profissional (época 2007 / 2008, segundo o que nos disseram), da ordem dos 6 602 milhões de €uros, à primeira vista parecia um montante equilibrado e suficientemente digno para melhorar-se alguns dos “êxitos desportivos alcançados na época anterior”. Sim, na voragem do tempo o que perdura na lembrança das multidões é a memória dos vencedores, os segundos, quer queirámos ou não, são facilmente esquecidos facilmente, porque são apenas os primeiros dos últimos.

Finda a época com os “casos e percalços” de todos conhecidos (mas cujas repercussões finais ainda ninguém se atreveu a calcular ou estimar), aguarde-se com expectativa moderada os resultados da “auditoria”, mas não se espere milagres quanto à derrapagem (certamente superior em mais de 40% do total orçado), e, quanto a responsabilidades (a culpa será sempre da direcção anterior) e assim sucessivamente (já estamos mesmo a ver o filme).

Devemos pois considerar que a época que se queria de consolidação, acabou do ponto de vista desportivo e financeiro por ser PÉSSIMA, se analisados os objectivos alcançados, versus €uros consumidos, apesar da imagem vendida durante largos meses em todos os media, numa acção bem concertada (e a espaços bem conseguida), levada a efeito por uma trupe de malfeitores sem qualquer tipo de despudor ou vergonha, que tentaram branquear o desvario total que levaram a efeito.

Este descarrilamento foi possível porque não tínhamos uma retaguarda forte e coesa (leia-se sad e direcção) que imprimissem um cunho de rigor e disciplina, mantendo desde logo cada “macaco” no respectivo galho e igualmente porque nós, enquanto associados, demitimo-nos das nossas responsabilidades…

E a Feira das Vaidades começou cedo, inebriados pelos resultados dos jogos de preparação, preparou-se uma Embaixada Digna de Reconquistar O Reino dos Algarves, com o resultado desportivo deprimente que todos conhecemos. O que poucos sabem, é que a “brincadeira” custou + / - 40 mil biscas!

Seguiram-se outros desplantes, almoços e descansos no ópera hotel (com custos médios da ordem dos 6 mil e tal €uros. Quantas vergonhas passou o Tuck, ao pedirem-lhe chequinhos atrasados antes de os deixarem sentar-se?!

Com a saúde financeira decorrente das “milionárias vendas de jogadores” (milhões para aqui e prá acolá, menos para o clube, a PGR e a Morgadinha dos Canaviais andam atentas e seguem o rasto destas operações), treinava-se à noite, com encargos de consumo de luz da ordem dos 10 mil €uros sessão + desgaste das lâmpadas (€ 510 / cada, porque treinar de Inverno sem necessidade, quando as amplitudes térmicas são mais díspares, não dá nenhuma saúde aos projectores, antes lhes apressa o TMVU).

Falando na altura com jornalistas desportivos quanto a estas mordomias, todos eram unânimes em que se tratava de gestão correcta de plantel que se queria europeu! (Mesmo quando não havia jogos nocturnos nessa semana?). Mais tarde vim a perceber porquê! Estes escribas, “fãs” do disléxico, eram os tais que iam mamar à conta sempre que era preciso (estavam lá quase todos na comitiva de 70 convidados da sad), na apresentação do patrocínio do resorts (cuja factura chegou para o clube pagar) apesar da mentira profusamente propalada de que era por conta do citado Patrocinador.

E chegou-se ao supremo desencanto, a eliminatória com o poderoso Bayern Munich, sócios e adeptos prontos para embarcarem e apoiarem a equipa em casa dos Bávaros e balde de água fria! Quando todos esperavam que o Markting ou alguém com três dedos de testa promovesse um concurso entre os diferentes operadores turísticos do mercado, tendo em vista apurar-se as melhores soluções para os indefectíveis adeptos de sempre estarem presentes e o clube minimamente representado! Rien, entregou-se as excursões ao amigo (dos manos Calheiros), com os escandalosos preços, incomportáveis para a maioria das bolsas, inviabilizando-se mais uma oportunidade única de reconquistar-se adeptos e sócios!

Cheguei a pensar que ia haver “contrapartidas particulares”, mas depois da factura de 4 mil e tal €uros chegar ao clube para liquidar viagem finíssima e oficiosa, entendi que amigos mesmo, só alguns cães e cavalos!

E nova desilusão com os preços do jogo da segunda mão no Restelo! Respeito pelos adeptos e sócios? Nenhum. Markting Apelativo? Zero! Promoção junto dos Portugueses e adeptos do futebol? Inexistente! Tudo à trouxe mouche, até os titulares dos camarotes foram corridos indecentemente para dar lugar aos VIAP´S bávaros! A vaidade momentânea toldou o pouco senso que ainda restava.

Os corações dos adeptos espalhados por esse país fora, coleccionou mais uma dor profunda pelo desprezo a que foram votados! Mas isso pouco importou às araras e pavões que abanaram as bundas sebosas naquelas raros momentos de “glória toleirona”.

Seguiu-se novo flop com a Taça de Portugal, competição onde era legítimo almejar-se algo mais, mas há sempre desculpas para tudo, menos para a morte…

No campeonato e sempre que era preciso manifestar-se aos nossos adversários mais directos as aptidões naturais, borregamos, o que fez desesperar o “importador de contentores de talentos emergentes”, levando-o a efectuar a cantata final junto do “milagroso” Meyong, também ele desesperado por não jogar (e marcar).

Verdade que de tanto chatear o tretas do levante (o tal que tinha “pago” € 1,5 milhões), foi libertado “à borla, graças à grande visão do líder” (segundo a versão do vendedor de banha da cobra), patranha que voltou a conquistar muitos bruás e aplausos da “falange”.

De vitória em vitória, até à derrota final, o discurso foi perdendo fulgor, até porque até ao 10º. Lugar havia teta (mas só para alguns)…

E pasme-se! Chegou Dezembro e mais uma decisão “séria e corajosa”, inviabilizar-se o encaixe de 2 milhões de €uros, com a transferência de Silas e Alvim!

Numa gestão de vaidosos e incompetentes, que protelavam por todas as vias os compromissos livremente assumidos (embora alguns de forma leviana), a política geral era a de pagar-se e morrer quanto mais tarde melhor, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas!!!. De quem?,

Estes Incumpridores contumazes se inseridos noutra sociedade, por exemplo, França, estavam de cana e como diria o saudoso Silva: “…iam todos parar ao tourel…”.

Sabendo-se que o “grande gestor de talentos” tinha mais dois anos de contrato com o clube, sendo de facto o real mandante da sad, interrogamo-nos:

- Porque não renovou em tempo com os “2 miúdos” saídos a custos de formação?

- Porque deixou 17 atletas em fins de contrato?

- Queria armadilhar ou dobrar a direcção que fatalmente chegaria?

- Alguém acredita que o "on line", não sabia de todas as prestações espanholas do Zé?

Responda quem souber, mas a conclusão lógica, distante e fria, se conjugados todos os factores atrás enumerados só pode ser uma! Descarrilamento Total.

Como dizia aquele vaidoso no final do jogo com o Real Madrid, e cujo nome já me esqueci há muito! "...jogastes muita poucachinho...".