O Belenenses com todas as convulsões que tem sofrido, internas, externas, auto-infligidas, ou não, apresenta-se desportivamente neste final de temporada numa situação estranha. Houve dificuldades grandes (e ainda haverá) em termos de salários, de casos, etc. Houve situações muito complicadas que, se pensarmos bem nisso, não são admissíveis e que se passaram com jogadores nossos que sofreram na pele e que só com muita boa-vontade e entrega de terceiros se foi conseguindo amenizar. Não tenho nenhuma indicação que contrarie o que vou agora sublinhar pelo que o digo abertamente. Foram dignos profissionais que chegaram onde chegaram no meio de tanta confusão, indefinição, sacanagem, incompetência ou pior que isso.
Refiro-me em particular ao Andebol que luta agora pela terceira posição no Campeonato da Liga, refiro-me ao Futsal, ao Rugby.
A verdade é que mesmo com todas estas dificuldades, o Andebol honrou-nos, empolgou-nos de uma forma muito particular fazendo pleno juz à nossa tradição e à nossa escola. Tantos abandonos de jogadores chave na época passada que sairam para um rival e mesmo assim houve capacidade de renovação ao ponto de termos estado perto de chegar à Final do Campeonato. Orgulho-me muito de vós é o que vos posso dizer. E vão ficar para mim ainda mais perto do coração já que foi graças a vós que consegui estrear a minha filha mais nova no Belenenses, a ver um jogo e a levantar-se em festejo do muitos golos e em festejo de duas vitórias empolgantes a que assistiu contra Sporting e ABC.
O Futsal... que dizer? Não posso dizer que estava à espera de uma época assim. Sabia que era difícil, bastava ver os anos anteriores em que, depois de chegados à divisão principal, embora apurando-nos sempre para os play-off não havia mais sumo para espremer. Agora, aconteça o que acontecer, o Futsal conseguiu algo que há muito desejava ver: o empurrar da estarolada que tudo domina e verga a ter de se valer de tudo e mais alguma coisa para conseguir que os seus apaniguados não fiquem atrás do Belenenses na classificação da fase regular.
Com todas as dificuldades, muitas passaram despercebidas a muita gente, houve grande sacrifício também. Eu sei que houve. E houve aquele momento espectacular que para mim superou todas as vitórias (e foram tantas e tão boas). Aquele momento em que depois da sacanagem ao Pedro e ao Belenenses, feitas pelos FDP do costume, os belenenses irromperam por um treino a dentro, no "Acácio Rosa" e em que chorámos juntos, rimos juntos, cantámos juntos. Das coisas mais bonitas que pude ver no Belém.
Razões várias impedem-me de ir à Guarda. Mas sei que outros irão e serei o primeiro a aguardar-vos na chegada. Não digo mais nada porque dá azar.
O Rugby... Confesso-me um adepto envergonhado, no sentido em que há muito do desporto que não domino, mas desde muito miudo que me lembro de ver na TV e perguntar ao meu Pai como é que um tipo está fora de jogo com tantos defesas dos outros nas costas dele... A verdade é que acho dos desportos em grandes espaços o mais belo quando bem jogado. Foi uma época esquisita, não foi? Algo titubeante, contam-me que fruto de opções conscientes que levam o seu tempo a render. A verdade é que estamos na Final do Campeonato e, assim como a perdemos num jogo quando tinhamos sido os incontestados líderes em toda a fase regular, há dois anos (julgo que foi há dois anos), este ano aqui estamos e temos a grande oportunidade de trazer o caneco. Sábado às 17, no Estádio Nacional. Eu vou lá estar!
Também no futebol, apesar de tanta coisa que passou com a qual não concordamos, com tanta coisa que se passou que nunca se devia ter passado. Com casos atrás de casos, com desmotivantes assistências e ainda mais desmotivantes desculpas. A verdade é que temos tudo para ganhar ainda. Não sei qual será o desfecho de mais este caso da não aceitação da candidatura a provas da UEFA, mas no campo, é possível, ainda, mostrar a quem nos quer mal que nem assim, nem assim com toda a injustiça e parcialidade com que somos tratados, nos derrotaram. O Jesus pode ir para onde quiser, todos sabemos, até pode ir para o raio que o parta, mas há uma coisa que ele só vai perceber no momento em que saír daqui e não serão os Euros que impedirão de o ver mesmo que nunca o admita. Nunca estará noutro Clube como no Belenenses, nunca estará num Clube que é maltratado de todas as formas, feitios e proveniências de insultos, injustiças e trapaças, algumas delas internas, que tem sido tão chupado por dentro e por fora, que se deixou caír na modorra da indiferença vezes demais, que é tão mal-amado por alguns dos seus, mas que resiste, que se recusa a ceder à ditadura de um sistema e afirma a sua diferença. Talvez um dia possamos ser mais a exigir essa diferença, talvez um dia haja mais quem entenda que é nessa diferença que está a nossa força, que nessa diferença de não querer nada da estarolada seja porque razão for que reside o que resta da nossa força. Talvez um dia alguém perceba que foi essa mesma força que fez de nós durante décadas a fio um grande Clube, um Clube POPULAR, o grande desafiante e o grande clube que roubou protagonismo e títulos aos acomodados e acolchoados do regime.
Mas este relambório não é um comentário final. Porquê? Porque está tudo a começar agora. Está na hora. Está na hora das decisões, está na hora de provar uma vez mais a valentia, a entrega, o orgulho, o prazer de lutar, mas a capacidade de atingir o clímax da vitória. Está na hora dos adeptos do Belenenses continuarem, com redobrado fôlego, o extraordinário apoio que têm dado. Sábado e Domingo na Guarda, Sábado no Estádio Nacional e Domingo no Restelo.
Está na hora!
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Está na hora
Publicado por Nuno Gomes @ 2.5.08 Etiquetas: Nuno Gomes