Formar, escolher, ou só «empochar»?

RR: Blatter quer impor quotas de estrangeiros

O presidente da FIFA quer, também, definir novas regras de naturalização de jogadores.
Sepp Blatter pretende que em 2012 os clubes sejam obrigados a utilizar, no máximo, cinco jogadores estrangeiros em simultâneo. Impondo a regra dos “6+5”, ou seja, seis atletas do país onde o clube está baseado aos quais se podem juntar até cinco estrangeiros, sendo que no banco poderão sentar-se mais três jogadores de outras nacionalidades.

Blatter defende que este regulamento seja aplicável aos países da União Europeia o que vai contra a lei de liberdade de circulação dos cidadãos desses países. O Parlamento Europeu deverá, inclusivamente, votar, em breve, essa proposta rejeitando-a, categoricamente. Ainda assim, Blatter não vê qualquer conflito entre as medidas que pretende implementar e as leis da União Europeia, justificando que a FIFA não está a restringir o número de jogadores estrangeiros a contratar, mas “apenas” os que podem alinhar nos jogos. Um argumento que não convence os deputados europeus.
Esta nova regra seria implementada, de forma progressiva. 2010 seria o ano de lançamento das quotas, limitando os clubes a jogar, no máximo, com sete jogadores. Número que seria reduzido para seis, em 2011, e para os cinco, em 2012.

Além desta proposta, Sepp Blatter pretende, ainda, alterar as regras de naturalização de jogadores, dificultando o processo. Actualmente, a lei prevê que os atletas possam obter a segunda nacionalidade, após dois anos no país de acolhimento, o presidente da FIFA quer alargar esse período para cinco anos.

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Neste país de preguiçosos mentais e não só, é mais fácil beber umas caipirinhas e empochar uns milhares de euros sem fazer nada do que apostar na formação. Assistimos assim a estrangeiros na Selecção Nacional (vários exemplos na Portuguesa), olhamos para as fichas de jogos da liga principal e encaramos com naturalidade vermos apenas 3 ou 4 jogadores portugueses (excepto nos jogos do Marítimo que só têm um ou dois «e é um pau»).

No Belenenses não estamos imaculados:
Nos 11 mais utilizados apenas 6 eram portugueses (55%);
Nos 18 mais utilizados apenas 8 eram portugueses (44%);
Nos 28 jogadores utilizados toda a época apenas 12 eram portugueses (43%);

Está longe de ser brilhante e amanhã no que vamos publicar perceberão porquê. Está na cara que isto contribuiu muito para o encarecimento do plantel 2007/08. Com 7 jogadores emprestados, o que é um exagero de 25% dos jogadores utilizados, está na cara que não houve mais valias.
Destes 7 emprestados 2 são de estarolas, Edson e Marco Ferreira. Têm o registo elucidativo de 17% do tempo possível (dois jogos completos) para Edson e 7% para Marco Ferreira. Só demonstra a sua inutilidade efectiva para além de todos os prejuízos de imagem que daí advêm.

As estatísticas falam por si. E quando oiço levianamente alguém a perguntar "qual é o problema de ter emprestados?" irrito-me por saber que é sempre assim, mas vou insistindo.

Há dois problemas básicos:
»» Quando são de clubes estrangeiros e são demais (como este ano), ou
»» Quando são de estarolas e aí um já é demais.

Os números não mentem. As pessoas é que não aprendem. Falta de valores... falta de visão... falta de racionalidade... falta um pouco mais de azul...

Voltando à questão dos estrangeiros em demasia (entenda-se: larga maioria)...
Eu não sou xenófobo, antes pelo contrário como bem sabe quem me conhece, mas estes números de exagero descontrolado envergonham-me.

Se enquanto português e quanto à Selecção apesar de tudo é fácil desligar-me, no que respeita ao Belenenses, não. Defendo há muito tempo a formação e prospecção como caminho essencial para a sustentação do Clube. Uma formação capaz e uma propecção eficaz complementam-se e evitam maiores falhanços em inúmeras contratações que verdadeiramente só interessam a alguns, aos que empocham. E esses não são decididamente os adeptos. Esta época de 2007/08 o Belenenses teve no total da época 32 (TRINTA DE DOIS!) jogadores no seu plantel profissional. Somos ricos, ao que parece...

Por isso apoio esta proposta da FIFA, mesmo sabendo que não tem qualquer hipótese de passar pela União Europeia.

Assim como sou pela FIFA se tentar reduzir o número de jogadores num plantel por época para 26, com obrigatoriedade de ter um X de jogadores da "cantera" nesses 26.

Assim como sou pela FIFA/UEFA se estas decidirem legislar (impondo a todas as federações e ligas nacionais) no sentido de impedir que jogadores sejam emprestados a clubes que actuem nas mesmas divisões nacionais que os clubes emprestadores.

Acabava-se logo a mama e começava a dar-se a machadada na hegemonia estarola em Portugal.
Começava a moralizar-se o sistema impedindo a cavalgada ascencional dos salários de jogadores por parte da estarolada, que o tem feito com o fito único de manter os seus "pares" deles dependentes, emprestando mais e mais jogadores, permanencendo em constante aperto financeiro logo mais dependentes.
Se não sabem somar, vejam o exemplo do Estrela da Amadora que, anos a esta parte, tem tido sido plantéis na sua maioria constituídos por jogadores emprestados, alguns que eram mesmo originários do próprio Estrela e que encareceram consideravelmente. Chegou esse clube ao exagero de ter 19 jogadores emprestados numa só época, isto em 26 ou 27 jogadores num plantel.

E ainda quem pergunte qual é o problema dos emprestados?
É capaz... no Belenenses tudo é possível.
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PS: Depois de publicar este post reparei nisto que reforça o que acima escrevo:

"A FPF está a equacionar a possibilidade de aplicar uma verba para incentivar os clubes a reduzir o número de jogadores estrangeiros nos escalões jovens. Embora o assunto ainda esteja em estudo, a Direcção da FPF, que não pode limitar o número de jogadores estrangeiros, já fixou um montante mínimo de dois milhões de euros para distribuir, num curto prazo, pelos clubes que promovem a formação".