Treinador: Precisa-se?

Como já referi inúmeras vezes, gostava que nada disto se vem passando na relação de Jorge Jesus com o Belenenses se tivesse passado. Aprecio-o enquanto treinador (e há muito que isso não acontecia) conforme já defini as funções que no meu entender deviam estar atribuídas a um treinador no actual estado de coisas no Belenenses.

Em face das declarações de há dias (em que refere o convite de Braga mas, pela primeira vez, vem falar em ofertas do estrangeiro e que nesse caso seria bom pois o Belenenses receberia 400.000 Euros), já não tenho tanta certeza na sua saída embora creia que será esse o mais provável desfecho de uma novela que já critiquei pela forma como o treinador gerou a confusão nas vésperas do jogo com os lampiões.

No entanto. se a sua saída se vier a verificar, por esta altura está na hora de tirar as barbas de molho e precaver a situação, definindo alternativas válidas. É evidente.

Na realidade o que eu queria (e estou convicto que o Belenenses precisava) era de uma figura à altura de Augusto Silva, de Rodolfo Faroleiro, de Otto Glória. Não se lhes conhece mácula no respeito que deviam ao Clube que treinaram. Para não falar do GRANDE E INCOMPARÁVEL Artur José Pereira.

Mas, infelizmente, o tempo passou e já todos estes nos deixaram. A minha exigência em relação a um treinador parece estar no extremo oposto a tudo o que é «normal» (entenda-se relativamente ao grau de exigência de muito do que aí se lê e ouve). Nos verdadeiros antípodas, na realidade. Pela minha lista de exigências, atirando para o ar assim meia dúzia de requisitos que me parecem mínimos, "qualquer um" poderia servir desde que:

»» seja competente tecnicamente;

»» seja carismático e bom gestor de homens, um líder natural, inflexível nos princípios, disciplinador sem ser tirano, dialogante e pedagogo;

»» seja leal a quem lhe paga o ordenado e respeitoso relativamente à dimensão e postura do Belenenses enquanto Clube com um passado riquíssimo;

»» seja colaborante através do seu discurso e postura para a elevação do Clube, em detrimento do seu ego ou interesses pessoais;

»» seja exímio na formação e com olho para os talentos futuros (e presentes), adoptando como sua filosofia de vida o “se não há, nem há como comprar, então faz-se” e não precise de andar sempre a gabar-se disso.

»» não seja agente jogadores nem tenha qualquer ligação do tipo - por exemplo, que não seja comissionista;

»» não caia nunca na conversa de chacha dos estarolas e do "salto". E se lhe perguntarem, sabe «Deus» que lhe perguntarão, se não ambiciona ir para um estarola, então que responda que tem contrato com o Belenenses e não comenta absolutamente qualquer outra situação;

»» seja orgulhoso e estime o seu amor-próprio mas sem ser vaidoso em demasia;

»» seja ambicioso sem ser pavão;

»» seja inteligente (moderadamente) e entenda que um flash interview não é o confessionário e que flash quer mesmo dizer rápido;

»» seja mais fazedor que falador, ou seja, que responda a tudo com trabalho e resultados que nos orgulhem.

Haverá mais (acrescentem à vontade), mas estes parecem-me os requisitos essenciais e obrigatórios para que alguém possa aspirar a ser treinador do Belenenses. Até podia ser Jorge Jesus limadas algumas (enfim, bastantes...) arestas, algumas (cortantes) mais evidentes no tempo recente. Para começar podia Jorge Jesus perceber que jogar em equipa não é necessariamente jogar como ele quer, o que até pode ser contrário aos interesses do Belenenses e não me refiro a jogo no campo...

Daqui resulta que... se Jesus saír e se lembrarem de algum que preencha estes requisitos, não hesitem... contratem-no.