(...) Foi jornalista de «A Bola» durante 26 anos. Hoje, critica fortemente a subserviência do jornalismo desportivo aos «três» grandes, ignorando o lado «negro» do futebol. De que interesses está «refém» a imprensa especializada?
A imprensa desportiva é um prolongamento do “aparelho clubístico”. Ao partir do princípio que não sobrevive sem ele, acumulou erros sobre erros e deitou-se por baixo dele, prostituindo-se. Há ainda uns assomos de independência e ainda há quem pense que é a crítica independente que afasta os leitores.
Não é. É a falta de trabalho, a investigação, a aposta em jornalistas sem tempo suficiente para adquirirem experiência no terreno.
É, também, a precariedade do emprego e, sobretudo, as chefias que são preenchidas por comissionistas da ideologia clubística.
O problema de alguns jornalistas desportivos nem é sequer a questão muito badalada de nunca terem dado um pontapé na bola (o argumento, nem sempre verdadeiro, dos ignorantes); é a falta de cultura geral. (...)
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Estas palavras são atribuídas a Rui Santos por Eugénio Queiroz na "Bola na Área".
Temos dito isto aqui mesmo, repetidamente. Às vezes com expressões muito semelhantes. Certamente estarão recordados.
É bom lê-lo especialmente vindo de um jornalista que, pelo menos por um dia, meteu a mão na consciência colectiva de uma classe muito pobre culturalmente neste país, subserviente, e se marimbou no corporativismo, sentimento e atitude tão presente no espírito deste país nas mais variades classes profissionais e sociais.
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Já cantava o Sinatra: "for once in my life..."
Publicado por Nuno Gomes @ 17.9.08 Etiquetas: Nuno Gomes


