Tempos Modernos VIII

O stress pós-traumático do dia depois…

I. Os 30 + 15 minutos de futebol que vi…
Em campanha alegre lá fomos na excursão da Fúria à espera de sermos felizes, mas assim não aconteceu. E assim não aconteceu por muitas e variadas razões, estarão talvez no ainda segredo dos deuses, outras estão pelo contrário bem à vista e bem a nú para quem em bom senso as queira ver. É o que tentarei fazer em não muitas palavras. Num belo dia para o futebol com um azul lindo no céu para receber quem de azul vinha de Lisboa e com 20 graus de temperatura ambiente e 20 mil de moldura humana estavam garantidos os pré-requisitos para que o espectáculo corresse a preceito…só não se sabia quem seria mais feliz no final.

Sem entrar em grandes delongas devo dizer que o nosso Belém entrou menos mal e em boa verdade com mais ou menos sorte neste ou naquele lance como sabemos factores indissociáveis do próprio jogo aguentámos razoavelmente os 30 minutos de jogo e podíamos inclusivamente ter marcado bem antes do Vitória Sport Clube o ter feito se acaso Roncatto tivesse melhor pontaria.

Estou certo que a nossa postura em campo não terá sido o vamos lá ver se não perdemos por muitos, creio mesmo que não o foi de todo, mas foi uma forma de abordar o jogo muito típica do futebol latino numa clara tentativa de adormecer o adversário o mais possível e por isso se explica que tacticamente as equipas tenham em largos períodos da primeira parte encaixado nos esquemas tácticos uma da outra. E por assim ser é que surge o lance do primeiro golo dos vimaranenses.

Uma falta desnecessária diga-se (como qualquer uma que nas proximidades da grande área) cometida por Zarabi, que estava a ser um central particularmente atento e em bom plano pela sua disponibilidade física para o jogo, origina o golo de Gregory que apenas teve que esticar a perna para desviar a bola no meio da desatenta organização defensiva azul. Vem o intervalo e a esperança azul, não morre na bancada e vamos trocando opiniões sobre o que vimos o que gostámos e não gostámos e em particular sobre o que teríamos gostado de ver. Regressados os jogadores para os segundos 45 da contenda futebolística registando as entrada de José Pedro e Baiano para o lugar dos amarelados Zarabi e Carciano.

E o Belém começou menos bem pois o Vitória podia ter feito o 2 – 0 logo no minuto inicial da segunda parte, minuto esse que seria afinal escrito a azul, fruto de um remate forte e colocado de José Pedro com a colaboração do guarda redes vitoriano que se lançou a desoras à bola deixando-a escapar por baixo do braço. Meio golo/meio frango. Estávamos empatados e isso é que contava. Num rompante a bela moldura humana vitoriana composta por 20 mil espectadores silenciou quase sepulcralmente passando da euforia contida ao arrepio nervoso e, a espaços, à vaia impaciente à sua equipa tal a forma como em 15 minutos o Belém pareceu poder de facto ganhar o jogo talvez pelos mesmos números com que acabou por perdê-lo porque após o empate dispôs de 3 BRUTAIS oportunidades para fazer o 1-2 sucessivamente por Ávalos, Roncatto e, mesmo junto ao poste direito da baliza do Vitória, por Wender quando era só encostar o pé! Não tenhamos dúvidas que a história seria outra.

Mas não foi e uma vez mais o Belenenses cansou-se incompreensivelmente de querer ser feliz (quando o poderia mesmo ter sido) a partir dos 65 minutos de jogo. Ainda com 25 minutos de jogo ainda para jogar só quase deu Vitória, não se estranhando que o 2-1 surgisse quase por sorte (de quem a procura) e o 3-1 acontecesse sem surpresa pese embora pudéssemos ter reduzido para 2-3 de novo através de um forte e colocado remate de José Pedro (quem se atreve a dizer que a terapia de banco não é um bom tónico) que Nilsson defendeu junto ao poste direito.

II. O que vi e gostei de ver…
No meio da apatia generalizada destacaram-se apesar de tudo a indiscutível categoria de Júlio César; a disponibilidade física e entrega de Zarabi (resolveu e bem 2 ou 3 potenciais situações de perigo); Goméz ao seu estilo é um elemento que a equipa não pode dispensar porque faz como poucos o jogo destruidor e tem empenho; Wender que à imagem do que fez em Matosinhos e com a Naval esteve em muito bom plano levando sempre perigo à área contrária dando mais profundidade o jogo do Belém.

III. O que vi e não gostei de ver…
Não gostei de ver a inoperância e incapacidade para fazer os colegas jogar por parte do capitão-fala-menos-joga-mais Silas. Ou tem má vontade ou fez birra ou está fora de forma, mas uma coisa me parece de todo correcta nem que seja para o defender da onda de críticas cada vez mais contra o seu desempenho: tem de ir ao banco. Como já vem sendo habitual por ser de facto o que se constata Carciano nem a central nem a lateral direito. Não tem sentido de posição e não é de todo um lateral e depois porque intranquiliza a equipa defensivamente. Não gostei de ver Roncatto não porque não tenha toque de bola, não tenha técnica acima da média, mas porque está fora de forma e ao fim de 2 anos ainda não se viu a substancial justificação da sua contratação. Não gosto de jogadores burros e penso que foi indecente Saulo ter-se feito ao penalty em plena área vitoriana quando podia ter procurado Silas, que estava na área ou, até ter rematado.

IV. Recados...
Sou um confesso admirador de Jaime Pacheco já o disse diversas vezes estou convicto que é o treinador que precisamos agora e de futuro (e só gostava de ver alguns dos seus críticos ressabiados treinar algumas amélias deste plantel para verem o que era bom para a tosse…porque parlapatar é fácil), mas não deixo tal facto toldar o meu raciocínio crítico e por isso não creio aceitável o seguinte: a) Carciano de início em vez de Baiano porque se queima o jogador que claramente não caiu no goto da massa associativa pelas razões sobejamente conhecidas e porque se desperdiça uma eventual substituição; b) Marcelo no banco porque tem aquilo que a equipa precisa: capacidade guerreira e entrega para além de ser o nosso melhor avançado, c) Silas a organizar o jogo quando tal deve ser entregue a Vinicius ou a José Pedro. Percebo que Zarabi possa ter saído por causa do amarelo pois, um segundo cartão implicava um jogo de suspensão e nesta fase todos os elementos disponíveis são indispensáveis.

V. O que ODIEI!
Ontem durante a viagem de regresso a Lisboa, os 41 resistentes da excursão da FA, foram INSULTADOS com a notícia, posteriormente confirmada à chegada por quem o testemunhou, de que estariam no Restelo (à espera de quem?) cerca de 15/20 elementos da Polícia de Intervenção. Quaisquer palavras sobre tal facto não exprimirão nunca o nojo que sentimos por semelhante desfaçatez!