Quando em 1679 o físico Denis Papin inventou a marmita, que mais tarde seria promovida a panela, estava a utilizar um sistema que desde a antiguidade até aos dias actuais é profusamente utilizado em todos os recantos da actividade humana: a pressão.
Esta palavra de dimensão curta mas de incomensuráveis efeitos, substantivo que indica estado físico ou metafísico, tanto atende às necessidades de artesãos e donas de casa como às de políticos e outros oportunistas, engenheiros e a todos os que duma maneira ou outra a utilizam para forçar a vontade a entrar no conceito que entendam ser o da verdade.
Indo directamente a um tema que nos deverá interessar mais que qualquer outro, poderei dizer que o Belenenses cada vez mais está submetido a esse inevitável estado/sistema. Estamos, e de que maneira, sobre forte pressão classificativa no futebol maior, estamos sob pressão sempre que um árbitro nos procura amortalhar e estaremos sempre sob pressão face ao que nos poderão vir a fazer.
Quando a pressão é externa, seria lógica a união de esforços para construir e se possível reforçar uma muralha defensiva. Todos sabemos que infelizmente não é assim no nosso querido clube. Antes pelo contrário. Sem querer ser derrotista e muito menos desestabilizador, acredito que esse detestável modo de ser, lamentavelmente sempre nos acompanhará, enquanto não mudarem as mentalidades rudimentares e masoquistas.
O nosso momento actual é eruptivo e , consequentemente, de enorme pressão. O acto eleitoral que se destina a definir e determinar o caminho futuro, está já ali ao virar da esquina, numa plena e grave crise económica e de péssimos contornos técnicos, os quais desde há meses arrastam a principal modalidade por vergonhosas ruas de amargura.Os sócios eleitores que se subdividem em indecisos, em incrédulos, em desconfiados e, felizmente, naqueles que sabem o que querem, têm direito a uma atitude positiva , séria e transparente de quem pretende administrar o Belenenses. Têm também o direito de exigir mudanças no “regime”. Mudanças que se configurem em atitudes firmes que não sejam mais do mesmo, a que os já demasiados anos de mandarins nos habituaram sem os resultados que todos desejam.
Como já tive oportunidade de referir em ocasião anterior, o processo eleitoral arrancou sob o signo da suspeição, face a insólitos e inadmissíveis acontecimentos que terminaram em bem, mas na balança ponderada da justiça.
Em termos de campanha não é segredo para ninguém, a opção de processos eleitoralistas utilizando velhos métodos salazarentos de oferecer passeio e lanche ao Zé Povinho. O sistema é eficaz só pecando por delapidar os já muito agonizantes recursos financeiros do clube, mesmo que se diga que quem manda actualmente tem o direito de “animar a malta”. Bonito seria se fosse o candidato a pagar do seu bolso como fazem outros. Na mesma linha de aproveitamento estão as borlas no Restelo. Afinal parecemos um clube rico que nem precisa de um par de euros que poderia ser cobrado sem contestação por cada entrada, a bem do clube.
As tais já referidas atitudes firmes, também dificilmente poderão vir a ser encontradas em redutos Wagnerianos, por muito que uma respeitada Valquíria entoe o nobre e a seu ver, meritório acto da continuidade.
Tudo afinal está sob a sombra cinzenta dessa continuidade, personificada nas eminências que governam o reino e mandam nos “Luíses”. Os cardeais, pardos mas influentes, não têm admitido que perturbem a sua ceia que vai longa e pretensiosamente durável. Das decisões que como conselheiros naturalmente distribuíram, há inegavelmente saldo positivo, mas também em lastimável número, situações que lamentavelmente travaram o progresso do nosso clube. Estaria certamente na altura de fazerem um derradeiro brinde e terminar a ceia.
Não é surpresa nenhuma para ninguém, o apego que nestes últimos escritos tenho dedicado à candidatura da lista C. Afinal estou a ela intimamente ligado e integrado. Pelas pessoas que a compõem , pela personalidade e determinação do candidato a presidente e, muito especialmente pelo programa corajoso, o qual mostrando-se arredado da referida influência situacionista, oferece ao Belenenses aquela possibilidade de ser outro, personalizado e obviamente melhorado.
Digo isto em conceito metodológico e desejo, bem do fundo do coração, a concretização de tantos anseios em corações azuis como o meu e o de tantos mais que todos sabemos existirem. Isso estará certamente nas nossas mãos na altura do voto.
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Momentos de reflexão
Publicado por BELÉM LIVRE @ 6.5.09 Etiquetas: Vitor Gomes