Se seguisse o que tinha planeado fazer, por esta altura estaria prestes a iniciar uma série de artigos integrantes de um conjunto de propostas de acção para o Belenenses. Estas propostas estariam organizadas em programas de acção por sectores.
A publicação deste trabalho obedeceria às limitações que tenho no tempo disponível e que são muitas. Seria um trabalho faseado e sem agenda previamente estabelecida. Teria apenas o objectivo de dotar quaisquer que fossem os responsáveis do Clube, presentes, passados ou futuros, de no mínimo de propostas reflectidas e concretas juntas em Planos de Acção nas áreas que considero fundamentais e para as quais sinto que posso contribuir. Mesmo que não merecessem concordância total nos fundamentos e acções propostas, serviriam como base de discussão e ponto de partida. Modéstia à parte e no caso de um trabalho já apresentado, poderiam ser uma muito boa base de trabalho, mesmo mais do que isso.
Como já aqui referi em duas ocasiões já foi elaborado um trabalho para a área associativa, de que resultou um «Plano de Fidelização e Recuperação de Sócios - 2008» (realizado a pedido da Comissão de Gestão anterior e entregue no final de Outubro de 2008). Por minha iniciativa, pensei estender esse espírito às áreas de «Imagem e Projecção», a «Comunicação» e «Marketing e Merchandising».
Acontece que verifico, no caso do trabalho já apresentado, que não só não há interesse como não existe uma noção das prioridades ou capacidade de lançar os programas de intervenção nas várias áreas de uma forma paralela.
Ou isso ou há um receio que não compreendo. Não percebo como, mesmo não podendo atender pessoalmente (as pessoas eleitas) a estas questões, não se entende como prioritária a constituição imediata de grupos (pequenos no momento da definição e depois maiores para a implementação) que delas se pudessem encarregar. Sempre atendendo aos limites orçamentais, forçosamente pequenos. Obviamente que isso não implicaria que a decisão executiva “mudasse de mãos”. O “poder” nunca estaria noutro lado que não no que deve: nos órgãos sociais eleitos ou constituídos legitimamente. Eu comecei por dizer que não percebo, mas percebo. E quem lê isto também percebe. A estupidez não é uma opção.
Foi com esse espírito de colaboração que referi e tendo em conta as fortíssimas limitações orçamentais que desenvolvi e entreguei o Plano de Fidelização e Recuperação de Sócios 2008 à Comissão de Gestão. Mais tarde reenviei para a nova Direcção, dois ou três dias depois da sua eleição. E fi-lo porque me é indiferente se gosto ou não de quem governa quando se quer o bem do Clube. E os (eventuais) louros dispenso-os. Gostava mesmo é que fizessem algo como deve ser, sério, organizado e com fundamentos. É uma dádiva ao Clube e não uma busca de reconhecimento, tacho ou sequer participação na sua implementação. A minha recompensa seria o resultado final. Um Clube com mais sócios, mas acima de tudo, mais consciente da sua importância e da necessidade da participação destes.
Só que o pensamento e acções dominantes são o contrário deste espírito que me anima ou animou, para ser mais correcto. Se houvesse um mínimo de visão, entender-se-ia rapidamente que o grande problema do Belenenses não é de génese financeira.
O problema financeiro é consequência de um fenómeno anterior e que perdura: o esvaziamento do Belenenses enquanto entidade independente, competitiva e de valores distintos de outros que dominam (asfixiam é o termo correcto) a cena desportiva nacional.
Foi nessa independência e diferença que construímos um passado que nos orgulha (aos que o conhecem e estimam - poucos, na realidade) e é por falta dessa mesma independência e da coisa amorfa em que nos tornámos – massa associativa incluída – que hoje somos nem uma sombra disso. O nosso banco de jardim está frio, gelado e abandonado. Basta ver a banalidade do programa de "comemorações" do 90º aniversário, quando eu sei o que lhes foi proposto.
Essa grandeza, já a considerável distância, juntando ao número ainda considerável de belenenses espalhados pelo país, ainda é um capital a explorar que qualquer pessoa investida e minimamente inteligente (e não vendida a glórias vãs de associação aos 3 buracos negros do desporto nacional) não hesitaria em promover e usar decisivamente para virar o recente (de 20 anos) rumo miserabilista e pedinte da nossa história (que no total completa hoje 90 anos).
A gota de água que me transbordou o copo foi o que agora chamam "campanha de sócios" e que é de uma tristeza atroz. Pior do que não servir para nada, serve para justificar o futuro em que não se fará nada. Servirá o espírito do "Vêem? Ninguém aparece! Não vale a pena fazer nada!".
É falso! Vale a pena. Mas vale a pena fazer bem feito, mesmo com meios escassíssimos (o Plano apresentado foi desenvolvido exactamente nesse princípio).
Aquilo a que chamam campanha de sócios e que está a decorrer (está?) é uma vergonha, é falta de seriedade e mais um conjunto de termos que não quero verbalizar.
É um gif minúsculo partilhado com as comemorações dos 90 anos (ou as não-comemorações para dizer a verdade) e um flash de entrada no site, que é cada vez menos visto pelos Belenenses, tal a sua inutilidade. Só que os belenenses dormem e desaparecem a dormir, arrastam-se sonolentamente, encolhem os ombros e viram costas. Este processo repete-se ano após ano e não há ninguém que chegue ao "poleiro" que se rale.
Os belenenses estão-se nas tintas. E os que ainda aparecem e participam odeiam que os acordem ou que interrompam o seu intervalo para cerveja. E os outros, os (ir)responsáveis, chicos-espertos, percebem rapidamente o que os anteriores (ir)responsáveis já tinham percebido:
- quanto mais mirrada, cinzenta, indistinta e adormecida estiver a definhante massa associativa, mais fácil é de controlar.
É esta a razão principal do definhamento de um grande Clube português. Não é um problema financeiro nem resultado de sucessivas crises económicas que transcendem o país e até o continente, como podemos ler nos cinzentos Relatórios e Contas do Clube.
Pois bem: desisti de tentar mudar isso. Não se perde nada, apenas eu perco a minha esperança de um dia ter um Belenenses orgulhoso e com futuro para legar aos meus filhos e netos. Não é grave. Sou só eu e meia dúzia de malucos. Os restantes já estão acomodados e apenas esperam que a morte chegue.
Não darei continuidade a este trabalho, do qual o que já produzi para a vertente associativa seria apenas o início. E não pensarei sequer em voltar a fazê-lo enquanto alguém, não me convencer muito bem de que o quer pôr em prática e que concorda pelo menos, com os princípios subjacentes.
Gostaria que ficasse claro que apesar da amargura que sinto, isso não se deve a uma tristeza pessoal ou de falta de reconhecimento. Sei bem o que fiz e o valor que tem e por isso preciso dizer claramente, que não culpo mais esta Direcção do que as outras quase todas que a antecederam. A realidade que me custa a aceitar, mas que finalmente me entrou é que, provavelmente, nem existem de todo no Belenenses, pessoas capazes de entender isto e, por isso, todo este trabalho não seria mais do que uma quimera. Honrosas, raríssimas e pontuais excepções à parte.
E com tantas lutas que, diariamente, já temos que travar na nossa vida «civil», dispenso quimeras e utopias que, por mais reconfortantes que possam ser, em determinados momentos, nos consomem e destroem as esperanças.
Para terminar (que já vai longo) durante o dia de hoje farei o seguinte:
- Colocarei hoje ainda, mas apenas ao final do dia, o documento «Plano de Fidelização e Recuperação de Sócios 2008».
O objectivo é dar a conhecer a todos o que foi feito e como foi feito e mostrar à saciedade que eu não digo apenas mal, do que está mal, mas também proponho e concretizo alternativas pensadas e exequíveis.
- O artigo que se segue e que será postado ao final da manhã (por volta das 10/11 horas) é, o artigo inicial sobre a «Imagem e Projecção» que, pelas razões acima apontadas, será o único.
Acabo, como comecei:
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PARABÉNS BELENENSES! Merecias melhor...
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Publicado por Nuno Gomes @ 23.9.09 Etiquetas: CFB – 90 anos, Nuno Gomes