Porque será que nós temos
na frente, aos montes, aos molhos,
tantas coisas que não vemos
nem mesmo perto dos olhos?
(António Aleixo)
longe vão os tempos da madorna e calmaria,
homens, eram mesmo homens, fosse noite ou dia.
possuíam olhar de lince e faces tranquilas,
formatando outros homens, prá rudeza da vida.
talvez fossem oleiros! talvez fossem sonhadores!
pedalando sem descanso, até pareciam geradores.
debruçados sobre o rodalho, circulando sem cessar,
olhos fixos no barro e na peça a moldar.
e fabricaram marinheiros, pescadores ou almirantes,
soldadesca de fibra, capitães e comandantes.
e fabricaram homens simples, trabalhadores inveterados,
que se esqueciam das horas, pra darem conta dos recados.
possuíam o raro don, de sorrir às dificuldades,
eram talhados com fibra, dispensavam a vaidade.
não temiam desafios, não vacilavam com o vento,
sofriam noites a fio, mas venciam os tormentos.
erguendo a mais bela história, desportiva de Portugal,
três vezes recomeçada do zero, porque tinham um ideal.
raramente havia lamentos, muito menos espavento,
eram oleiros doutros tempos, eram seara azul contra o vento.
hoje cantam-se muitos zeros, todos à esquerdo do cifrão,
e no totobola da vaidade, nada fizeram! e de férias vão.
depois queixam-se dos inêxitos, calímeros das notícias pimba,
borradas, atrás de borradas, fotos tremidas, mas garantidas!
morreu o último oleiro azul!
e ainda ninguém deu por isso.
mas que importa ao pagode?
habituaram-se ao prejuízo!
JAN
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Morreu o Último Oleiro Belenense e Desapareceu o Rodalho...
Publicado por JAN @ 19.10.10 Etiquetas: CFB Out 2010, JAN, Registos Para Memória Futura


