A Odisseia dos Policarpos....


O clã Policarpo era gente honrada, de rara estirpe, linhesa de trato inconfundível, de berço humilde mas imaculado, nada temendo e com um percurso de vida muito bem pré definido, não se amedrontavam com as dificuldades e selectivos q.b. nas suas acções quotidianas, dispensando más companhias e alianças indesejáveis. Eram uma família próspera, respeitada e feliz.

Lá pela 10ª. geração, a fama granjeada toldou alguns membros do clã, levando-os a baixarem a bitola arquitectada pelo patriarca, começando aí as guerrilhas internas que os haviam de levar ao descrédito, advindo como por artes mágicas em todos os nascidos a partir daí, uma terrível gaguez, que os havia de marcar e condicionar num futuro cada vez mais incerto. Haviam mudado de Castelo há uma vintena de anos e os ares encanados passaram a soprar Norte / Sul, condicionando o sentido da acção.

A última vez que um Policarpo altivo e com espinal medula ainda erecta, foi visto a agradecer as migalhas concedidas pelo poder, dista umas boas dezenas de anos e a cena foi hilariante e marcante para o fim da linhagem, conta-se que no final de mais uma reunião:

Policarpo: "...mui...mui...to....to, obri...bri...bri...gado, senhor pre...pre...sidente...
Presidente: Como é mesmo o seu nome?
Policarpo: Pu...Pu... Pu...Pu...
Presidente (com voz entediada e cortante)): Oh homem! Acabe lá com essa caca e não volte cá mais... (virando costas e deixando o pobre de mão estendida).

Bem, a partir daí os membros não esclerosados do clã sentiram-se impotentes e pediram ajuda: a médicos, charlatães, demagogos, aldrabões, terapelintras da fala, da entala e até da cavalgadura, e cada um à sua maneira foi debitando "cátedra" e insinuando-se cada vez mais no círculo das influências Policarpianas, cujo clã perdia autoridade e respeitabilidade a cada segundo, perante os outros clãs.

De tal maneira a corte de assessores se alargou, que acabaram por criar o Conselho dos Sábios (mas pouco), que fartos de guerrilhas entre si, não fosse as mordomias do croquete terminarem, acabaram por chegar a um consenso mínimo para a sucessão do Chefe do Clã!

Dado que os membros directos eram cada vez mais gagos, seria necessário encontrar-se entre os amigos mais chegados (pouco importando se haviam chegada na véspera ou no próprio dia), uma figura de boa aparência, de preferência, político, que se movimentasse bem nas altas esferas, falasse bem, e, sobretudo, acatasse e venerasse sempre as ordens dos "sábios".

Claro que esta "pescadinha de rabo na boca" deu brado e várias voltas ao mesmo bilhar. Sem êxito aparente, embora com alguns resultados interessante e pontuais. Também na altura não havia os tacos de grafite que os bilharistas hoje usam, nem as tabelas ocas, antigamente quem sabia e queria ultrapassar um obstáculo inesperado, jogava à seca.

Mas a verdade! Verdadinha é que o clã atascou-se e atolou-se em dívidas, viram-se cada vez mais encalacrados, indo-se os anéis sem ninguém saber por donde, com perigo iminente de também se irem os dedos.

Por esta altura os assessores mais polidos já haviam dado "às de vila diogo", restavam os sacrossantos de todas as horas, os pais da coisas nunca assumidas, que resolveram lançar o "último trunfo", o do voluntário embevecido! Jovem, vaidoso até dizer chega, azul por dentro e por fora, um pouco disléxico e inconsequente, mas foi o que se podia arranjar! E diga-se em abono da verdade, o único que tropeçou no anzol.

Resultado (nada) práticos!? Bombo da festa, bandeiras negras e a meia haste! Salvem-se alguns Comunicados (que alertam para a insolvência) e outros que entraram directamente no Anedotário Desportivo Nacional.

Apostilha: O voluntarismo só por si não chega, são como algumas ONGS que servem fins inconfessáveis, as mais puras, apetrechadas e que levam com ventos de feição, lá conseguem salvar umas quantas vidas humanas e melhorarem as condições precárias dos autóctones onde se instalam, a maioria, dá com os burros na água, ainda que se prostituam algumas vezes, mas sempre ficam uns croquetes e umas fotos tremidas. Sem plano director de fundo, e sem apoios firmes e previamente definidos, sem uma equipa experiente e solidária, não há POLICARPO que se safe, mas até pode aparecer um Cintra, vendedor de banha da cobra, e já esteve para ocorrer, atrasadamente. O poder político actual, está nas lonas! Ainda vai chupando na teta do pagode, mas não por muito mais tempo. Essa de dar tudo acabou, agora para haver sucesso na negociação, temos de ser fortes e oferecer contra partida, que acabe por exemplo com o buraco de herdado com a Parkexpo. Aí sim, o poder olhará para nós em pé de igualdade e virá atrás de mansinho, qual carneiro de olhar mal morto, porque sabe que também vai ganhar!