Os três «irres»

Ler as declarações de Alípio Matos ao jornal «A Bola» é um tónico para a alma. Que diferença noto para outros cujo discurso servia apenas para se auto-parabenizar (como diz o Marinho). Alípio foi desprendido sem se diminuir, foi colectivista sem menosprezar o seu trabalho. Foi um senhor! É um incentivo para que todos os que se sentem belenenses sintam vontade de estar no Sábado que vem e no seguinte a apoiar o Belenenses aconteça o que acontecer nesses jogos.
É disto que se trata neste post: o apoio que nos merece um grupo que nos honra, orgulha e (acima de tudo) nos projecta para os olhos de todos, rasgando a falácia dos estarolas dominadores exclusivos.

Para estes desafios que se avizinham, este grupo tem tudo o que é preciso para provar que orçamentos 5 vezes superiores não são garantia de vitórias. Assim foi contra o Sporting em 2/3 dos jogos que disputámos este ano (perdemos a Taça de Portugal, com manhas várias dos lagartos – até a alcatifa de casa tiveram de levar para a guarda) e contra o Benfica em que perdemos o jogo da primeira volta nas circunstância e com os erros que todos viram e empatámos em casa na penúltima jornada com mais um erro de arbitragem (ou na sua sequência), no jogo que podia ter garantido a nosso favor o primeiro lugar na fase regular. E como daria jeito fazer o primeiro jogo fora e dois jogos em casa (se fosse preciso o segundo) a seguir... Não era determinante mas era muito vantajoso. Mas não foi só esse erro de arbitragem na penúltima jornada que não o permitiu. Foi também na última jornada a forma como nos espoliaram de um penalti evidente a 2 ou 3 segundos do fim do jogo.

Junte-se isto ao Caso «Cary» e consequente perda de 3 pontos, uma clara sacanice federativa e percebe-se a aflição e desespero destes senhores e seu patrocinador face à nossa prestação. Eu até prefiro a cerveja Sagres, geladinha no Verão é um mimo, mas esses foram outros que, como muito bem apontou Nuno Lopes na sua entrevista ao futsalportugal, estes recusaram-se a ser patrocinadores do Belenenses desculpando-se com o facto de serem patrocinadores do campeonato em si. Incómodo e impedimento que já não tiveram mais tarde ao aceitar patrocinar os estarolas da Av. General Norton de Matos.

Quando começo a desenrolar este novelo de tramas, tramóias e interesses estranhos, este rol de acontecimentos e factos que não apenas conjecturas, quem me ouve em conversas faladas começa por “lá vens tu com a teoria da conspiração” e termina invariavelmente com “eh pá, pois, realmente é estranho” e ouço isto de adeptos de estarolas. É óbvio para alguém intelectualmente minimamente sério, mesmo que não do Belenenses, que claramente somos os tipos incómodos, os chatos, aqueles que não entendem e que, infelizmente só muito a espaços e em campos específicos, não se submetem à ditadura estarola.

E porque tem sido o futsal tão popular no Belenenses, levando inclusive a ter assistências no pavilhão como há muito não se via?
Porque a rivalidade no campo com os estarolas não é teórica, é um facto!

E é um facto porquê? Gastamos algo que se pareça com o que eles gastam?
Não! O orçamento dos lampiões – o oficial – é pelo menos 5 vezes superior ao nosso. O do Sporting não será muito diferente.

A razão da rivalidade deve-se a:
- trabalho sério, trabalho competente;
- organização profissional, planeamento detalhado;
- não submissão aos poderes instituídos (respeito não é medo) na FPF e na estarolada.
- discurso potenciador de orgulho e motivador de atletas, seccionistas, no fundo de toda a estrutura e dos adeptos;
- envolvimento com o ambiente que rodeia, com acções concretas e cativadoras de adeptos e potenciadoras da projecção da modalidade e do Clube;
- fornecimento de situações com as quais as pessoas se identificam e que são naturais e intrínsecas ao ser humano – a rivalidade e a disputa saudável no desporto;
- eliminação o discurso dos coitadinhos, dos menores, dos inferiores, dos pobrezinhos mas honestos e modestos, emprestados.

Curioso não é? Coincidência maravilhosa que o êxito e a projecção máximas numa modalidade em crescimento exponencial no panorama desportivo, atinge hoje grande penetração no índice de interesse para o público e logo para patrocinadores, em que é possível ter participação em provas europeias com enorme destaque, surja da mesma forma que os nossos pioneiros e fundadores se afirmaram e ao Belenenses logo a partir de 1919 chegando a 1933 como o Clube nacional com mais títulos. Nós que éramos o tal Clube que não durava mais que três meses após a nossa fundação, no entender desse lampião visionário Cosme Damião – a minha chapelada à sua memória pois se não a tivéssemos tão curta esse seria um excelente exemplo de que tipo de pessoas queremos incomodar, menos seríamos submissos ou mais renitentes a submeter ao nacional estarolismo (empréstimos e Cia. Lda.).

Que tem o passado a ver com isto?
Tem tudo! Porque é numa exacta semelhança de correlação de forças com os habituais vencedores de campeonatos de futsal que nos batemos agora, em que até coincide com uma aparente ausência do FC Porto das imediações em que o Futsal se enquadra.

(perdoem-me agora o eventual abuso do termo mas acho que já justifiquei o paralelismo, nestas linhas que dirijo directamente a todos os que fazem o Futsal do Belenenses)


Meus caros (também vós) rapazes da praia,

Nestes jogos que se aproximam deixo-vos três «irres» que me parecem fundamentais ao sucesso.

««« SEJAM IRREDUTÍVEIS »»»
Recusem a rendição. No campo encontram-se na forma mais primária, mais sentida à flor da pele. Não deixem que vos tremam as pernas.
Respeitem a autoridade mas não sejam submissos à injustiça, respondam com redobrada força no jogo dando a percebem a quem vos quer travar que quanto mais tentarem mais força empregarão na próximas vagas.

««« SEJAM IRREVERENTES »»»
Desrespeitem integralmente aquilo que vos querem fazer sentir de que os outros é que são os maiores e os invencíveis. Árbitros incluídos – preparem-se.
Desrespeitem integralmente as situações estabelecidas e o beija-mão que querem que façam nestes jogos.

««« SEJAM IRRESISTÍVEIS »»»
Insuperáveis, inevitavelmente imparáveis, divirtam-se e soltem-se, Não compliquem, sejam básicos e instintivos, soltem a vossa criatividade. E, bolas, se a têm!.
Sejam inevitavelmente alegres, coesos e solidários.


Eu não sei se vamos ganhar, se vamos ser campeões. Ninguém sabe.
Mas para mim é muito claro que se não perverterem estes princípios e razões que enunciei para este sucesso, no campo, no banco, até mesmo nós nas bancadas, estou certo que teremos sucessos por muitos anos e razões para ter orgulho e reviver no Futsal o fundamento da existência do Belenenses. Quem sabe se, um dia, bem trabalhado, isto não pode ser alastrado ao resto do Clube...

ATÉ AMANHÃ, ÀS 15:00, NO PAVILHÃO ACÁCIO ROSA