Ground Zero

O que pode levar uma equipa, a ter de vencer, e a entrar da maneira que entrou o Belenenses no jogo da Figueira?
Eu percebia, se sentisse que haviam jogadores com medo de ter a bola nos pés, mas não, entrada amorfa, sem nervo, sem vontade, enfim um completo desastre.
Primeiros vinte minutos, não para esquecer, mas para serem bem lembrados, porque aquilo que se assistiu, não foi digno de profissionais que usam uma camisola, que para eles pode ser uma qualquer… Mas que é uma camisola com um símbolo, com uma história, e que tem de ser respeitada a todo o minuto de jogo, em todo o metro que se corre, em todo o lance que se disputa. E isso na Figueira da Foz não aconteceu.
Equipa remodelada, com uma defesa praticamente toda ela estreante, mas não foi pela defesa que veio mal ao mundo, se bem que Miguelito, experimentou muitas dificuldades, principalmente na primeira parte, mais por desapoio, que por inércia sua.
No meio campo, é que esteve em grande parte o busílis, da questão, Gavilan, completamente desconcentrado e sozinho na cobertura ao meio campo adversário, Cândido muito igual a si mesmo, entrega inútil e exagerada por vezes, e pouco eficaz com a bola nos pés, Zé Pedro, para ele nem tenho palavras, esperamos sempre que algo saía do seu pé esquerdo, mas o grande problema é os espaços que abre por preguiça defensiva.
No ataque Fredy, Yontcha e Lima, Fredy que não deve de ter bola suficente durante os treinos semanais, quando a tem não a dá a ninguém, Yontcha, um pouco perdido e sem jogo suficiente para fazer estragos, Lima a entrega do costume.
Posto isto, primeiros vinte minutos miseráveis, onde inclusivamente sofremos o golo, e podíamos ter sofrido mais um (pelo menos), restante primeira parte, com a táctica do arrasta… Ou seja, deixa andar.
Segunda parte para melhor, mas não muito, as alterações operadas tiveram algum efeito, Celestino no lugar de Gavilan, acabou mesmo por ser o melhor Belenense, Fajardo no lugar de Yontcha, demorou a encontrar-se, primeira oportunidade de golo, por Lima logo no inicio, e a Naval, cá atrás confortavelmente à espera, do erro alheio, para conseguir algo mais.
No entanto o grave da situação, foi ver a apatia psicológica que a equipa apresentou, ou seja o deitar a toalha ao chão, o deixar rolar, que o que interessa é isto acabar, esta mentalidade é que preocupa.
António Conceição bem esbracejava, bem gritava lá para dentro, mas por incrível que pareça ninguém o ouvia, numa segunda parte que foi decorrendo de feição ao adversário e em que nós nem o desespero de chegar ao empate demonstrámos, tendo um pequeno esgar no final da partida com um livre, de Celestino.
A dor da derrota sentia-se nas bancadas, mas no rectângulo de jogo, parecia ser indiferente, tão indiferente ao ponto de nem sequer estar nos planos, vir agradecer aos poucos adeptos presentes, não fosse o menino André Almeida a chamar os colegas para tal, os adeptos nem do agradecimento de metade da equipa tinha tido direito.
Aqui entramos ainda noutro ponto, Zé Pedro, é o capitão de equipa, tem uma responsabilidade acrescida, dentro do plantel, como tal, não pode simplesmente demitir-se da sua função e não arcar com o peso que a sua posição tem dentro do grupo, ele deveria ter sido o primeiro a chamar os colegas, mas não retirou-se e assim todos o seguiram.
O Capitão é para o bom e para o mau, tem as responsabilidades bem definidas, e tem de as assumir perante o grupo, tem de chamar á pedra quem tem de ser chamado e tem de dar a cara quando as coisas não estão a correr pelo melhor.