Comecemos Já a Abater Homens e Plantar Árvores...


Havia um ipê-amarelo que florescia no mes de julho. O chão ficava dourado com suas flores. Mas a dona de casa em frente ao ipê e a sua incansável vassoura, deram o nome de “sujeira ” ao dourado das flores caídas. E, um belo dia, a árvore amanheceu com um anel cortado na sua casca. As veias pelas quais sua seiva circulava haviam sido secccionadas durante a noite. O ipê morreu! A vassoura triunfou!

As nossas escolas – seria bom se elas ensinassem as crianças a amar as árvores. Chamar pelo nome e amar as paineiras, as sibipirunas, as magnólias, os pinheiros, as mangueiras, as pitangueiras, os jequitibás, os ipês, as quaresmeiras…

Aprendi na escola que os homens são uma fonte de vida mais evoluída que as árvores. Estou brincando com a possibilidade do contrário: que as árvores sejam mais evoluídas que nós.
Se assim não fosse por que haveriam as Escrituras Sagradas de comparar o homem feliz com uma árvore plantada próximo a ribeiros de águas? Com o que concorda Alberto Caeiro: ” Sejamos simples e calmos como os regatos e as árvores, e Deus amar-nos-á, fazendo de nós belos como as árvores e os regatos…

Livro: O amor que acende a lua
Rubem Alves
Editora Papirus