O Silêncio das Gentes


Um silêncio e passos d’homens importantes
Ecoam chão de mosaicos
Poc, poc, poc…ecos
E fatos enfatados
E engravatados
D’homens importantes que as gentes!

Um microfone num discurso sábio
Regado de palavras sábias
O silêncio cúmplice dos dias
No silêncio do silêncio
Das gentes cansadas das oratórias
E discursos de hipocrisias!

Uma torrente de palavras rechonchudas
Um desfile de sapiência
Em gravatas abastadas
As minhas gentes caminham mudas
E desesperam paciência
Na dor do alvorecer de madrugadas!

Quem compra os espinhos das gentes
o suor da caminhada?
Passos d’homens arrogantes
Ecoam mosaico d’estrelas
Eu rezo as velas
Das gentes perfiladas nas estradas!

As minhas gentes suam injustiça dos dias
E dor das noites silenciadas Magricelas
No palácio das estrelas
Gravatas abastadas
Festejam hipocrisia de palavras sábias!

A minha noite adormece entristecida
Na cobardia da gente emudecida!
Décio Bettencourt Mateus (Angola)
In "Xé Candongueiro"

E por cada palavra mal gasta
O povo pagou imposto
Até que um dia disse basta
E voltou a sorrir de Novo...!
(JAN)