São Pedro na inocência
Das alturas dos céus
Desvenda véus Vaidades
E intranquilidades
De fatos e gravatas de importância!
São Pedro na abundância
Dos céus das alturas
Desenrosca torneiras
E ordena águas:
A minha cidade um mar de lagoas
E enxurradas de putrescência!
Os pés encardidos andantes
Nas pernas das gentes
Marcham palmas
Chafurdam lamas
E galopeiam riachos e pântanos
De corroídos abandonos!
Caminhares lamacentos
Arrastam lamaçal d’avenidas Enlameadas
A minha cidade jardim de desencantos:
Gravatas luzidias
Mentem o anoitecer dos dias!
Águas e lamas pastosas
Molestam casas
Vozes vomitam lágrimas
Mãos à cabeça lamuriam problemas:
É que São Pedro na sua inocência
Desnuda vergonha d’apetências!
(Décio Bettencourt Mateus
in Xé Candongueiro)