Não Abram a Pestana! Não ....

Era impensável para muitos portugueses menos atentos, a desgraça que se abateu de há 10 anos a esta parte sobre o país que amam (mas não o preservam e honram devidamente), decorridos 38 anos do poético Abril/74.

Recordo as últimas palavras (de resistente à tirania económica e social de então, saído propositadamente do tarrafal para poder morrer com alguma dignidade em casa, alguns dias após chegar, bolsando bocados de fígado e pâncreas, naquele que foi um dos últimos actos piedosos dos avós e paizinhos dos neo liberais que nos desgovernam hoje), momentos antes de falecer: - “ ... parto com a plena consciência de que os sacrifícios da minha geração serão recompensados .... , ... lembrem-se que quando ocorrer o verdadeiro reviralho, serão poucos os candeeiros e árvores do Rossio ...”.

Nada mais poético para quem sofreu na pela a tirania e ferocidade dos senhores da gleba, enquanto “os verdadeiros democratas pós 74”, tão adorados pela populaça ignorante, bebiam bom vinho e comiam paletes de lagosta em Cabo Verde, e/ou nos intervalos, entretinham-se a rasgar símbolos nacionais por essas estranhas e patéticas capitais duma europa ora corrupta e xenófoba, ora multirracial e solidária.

O que quer dizer, que nada aprendemos nem retivemos sobre erros e erros de décadas passadas, decorrentes dos diversos abrolhos e reviralhos ocorridos, em que rapidamente adormecemos sobre as espúrias conquistas “alicerçadas” nos extensos areais desta movediça ocidental praia lusitana.

Bordalo conseguiu imortalizar essa atitude de passividade e dormência intelectual, através da constante crítica mordaz, daí o subsequente boneco, que ilustrou à data, e continua bem actual, o habitual desleixo cívico das sucessivas gerações de encalacrados.

Alguma consciência colectiva ou mais vivida, imortalizou os ditados de santa bárbara e do dentista, “legendas” que dizem tudo sobre a mentalidadezinha e habitual chorinho nacional, daí a miséria franciscana da proclamada conquista de Abril, o tal SNS, sério na sua génese e cheio de alçapões na sua eficácia (onde os amigos dos amigos entravam céleres e saíam satisfeitos, restando aos pobres da vida a sorte de encontrarem um profissional sério pela frente ou andarem de seca para meca), negócio que encheu a mula a muito galfarro financiador do centrão (leia-se ps, ppd/psd e cds/pp).

Lembro-me bem de alguns desses parasitas sociais “comprarem” bens de luxo com dinheiro vivo, transportado nas bagageiras dos “lavados automóveis adquiridos com projectos públicos inacabados, mas bem financiados pela europa dos respectivos clães”.

E chegamos ao estado actual de miséria extrema, graças à mais completa falta de lucidez duma classe política mandante e corrupta, ignorante, desleal e manifestamente incompetente.

Mas que esperar duma governação! Quando:

1. O primeiro poder (apenas constitucional), é só o pai, tio e avô deste crise actual (embora sistémica), com alguma aceitação política entre os muitos beneficiados dos cheques fáceis de bruxelas, esbanjados a eito, numa mais que discutível política de empobrecimento futuro das nossas seculares e ultrapassadas estruturas produtivas não competitivas, não sabendo explicar os vários ganhos pessoais conquistados, alguns não em negociação normal bolsista, mas sim em silenciosos e discutíveis diálogos directos com companheiros de route, alguns dos quais ainda não se conseguiu distanciar, mantendo um embaraçoso silêncio sobre factos dolorosos e públicos, altamente lesivos do empobrecido pib do rincão, muitos ocorridos e ocultados/branqueados nos seus mandatos de PM;

2. O Segundo (apenas por ordem regimental), lacaio dos ex patrões e actuais interesses europeus, ex-ciumento de cantorias em quarteto, com lábia populista adquirida a chefiar claques de putos desempregados mas avençados na colagem de cartazes, licenciatura acabada aos 37, em entidade privada, porque as faculdades públicas são muito exigentes quanto aos calinas, relativamente aos competentes e aplicados que naturalmente se licenciam com distinção;

3. A Terceira (também e apenas por determinação do regimento), privilegiada e antecipada reformada da nomenclatura de bruxelas (com ligeira passagem pela AR), é mais uma demonstração da insensatez institucionalizada destas maiorias convergentes, mas dissonantes para o apregoado bom êxito das políticas neo-liberais rumo ao futuro;

4. O quarto, e mais sinistro, o verdadeiro sustentáculo deste governo, o selo de garantia dos interesses de bruxelas e da flácida gauleiter merkel e demais associados políticos e financeiros, o tareco ilusionista gaspar, pobre encantador de moribundos e adormecidos, mas incompetente nos seus projectos e ajustes financeiros, cujos rácios de satisfação aldraba e esconde, debaixo daquela máscara amarelenta de patriota austero e rigoroso, complementado com a arrastada voz de falsete que teima em utilizar e abusar;

5. O quinto (quando na verdade é/são, o primeiro), um conjunto pequeno de famílias “tradicionais” (ligadas à alta finança, negócios intocáveis e estratégicos do país), cujo estatuto de sugadores oficiais mor do nossos impostos, levam a que decretos e legislação seja aprovada para seu uso exclusivo, através de serventuários instalados nas mais diversas instâncias do poder, alguns escancarada mente no actual poder legislativo;

6. O sexto, um tal moedas, digno figurante a 5º. secretário duma qualquer telenovela de cordel brasileira, que apesar de meia leca e estrábico, tem o topete de querer ofender o tecido empresarial deste país (que ainda ousa criar riqueza num protectorado secular e oligárquico, sem rigor e códigos estáveis para um investimento sério), só porque lhe devolveram em uníssono e em tamanho gigante, o supositório TSU que pretendeu abusivamente receitar;

7. O sétimo, um salta pocinhas habitual e ocasional, portas estreitas de acesso condicionado aos corredores do poder, com alguma habilidade para se intrometer nos actos governativos, enganando à vez todos os enrascados sem maioria (ora liberais, ora sociais democratas de extrema direita), mas cujos desvios comporta mentais decorrentes da absoluta necessidade de visibilidade pública e partidária eleitoralista, o levam a muitos slalons e flic-flaques inusitados que enfraquecem as coligações que o aceitam, como convém para entreter os assalariados desmotivados do partido, desesperando os verdadeiros barões, levando os seus investidores empresariais a estrangularem e rarearem futuras entregas;

Ora que povo podia e pode resistir com eficácia a um sacana de país atreito a tantas malfeitorias!? Talvez um país cuja população maioritariamente aprenda a ser mais solidária entre si, dado que os respectivos problemas e interesses, têm um máximo denominador comum.